30 de dez. de 2010

Benito Maia Barros [21.04.57 - 26.12.10]














Quiz lhe trazer uma canção que falasse de flores, aquelas espumas flores que avoam, nascidas nas águas de grau.
Como quando eu narrava a minha história de antes, pensar por muito tempo que aqueles tanques ferventes eram o mais fino encantamento da sua Macau.
E um Rio grande e Açu se formaram, no seu semblante, na vista da sua cara, na pista de sua casa...
Sabente eu era um tolo, vigiado no meu consolo, de te fazer abismar. Pra essas coisas que dá na gente, sabendo que ser perene, é a pretensão de ser mar. 














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28 de dez. de 2010

duas ou três mil coisas sobre BB - meu galante galado da china





Existe um luto apressado,
uma entrega revoltada
e uma volta à vida.
A morte, essa estranha dor, 
não se apega a minha cultura.


Uma felicidade é saber que o amor,
apesar das torturas,
une os amigos no encanto da despedida.
É como se Benito finalmente tenha se espalhado por todos, se apregado em todos... Feito aquele brilho de purpurina que acorda preso ao suor da gente quando é tempo de carnaval.

Existindo como inteligência superior mesmo a paixão entre os iguais é um momento confuso. Ainda mais quando uma parte se aboleta num gênio que se guardou num quarto com as paredes forradas de perspectivas absurdas, ondulando rápidas entre a comédia marginal e o mais firme compromisso com a compostura.
Sei certo de minha parte, eu era ainda um selvagem encarnado, com o amor grande abraçando a todos, longo numa ventura, louco por opinião. Repentista procurando aprender a fala dos homens, piões coloridos das vaidades.
Esmerilhar um sentimento absurdo de reencontro foi, naquele remoto primeiro encontro, uma forma de saudar a nossa identidade, nunca houve tanto a aprender, e ele galante me ensinou a compreender, realçando o que eu já sentia, que mágicos e infinitos os encontros merecem desapego, alforriam...
Confesso hipocondríaco de rumances ingovernáveis ele tinha apenas a pena como escada. Feliz demais pra cometer a insensatez de sentir sem viver intensamente, meu entusiasmo fabricou uma teima que ardilosamente plantou muitos outros incomuns reencontros. Prometi não entregar de bandeja nosso secreto diário, então...
Farei a história brotar dos fatos sem o compromisso com a religião da carne. Vou estender esse texto de modo a justificar uma memória social, importante realmente é transmitir uma herança que remexa nas estruturas, faça pensar... Gritando Carai!


 “Companheiro você é um tipo de idiota, porque sem compromisso político um homem vira marginal em sua própria história.”


“Eu sempre quis lhe dizer com tudo isso o que eu faço que nada justifica perder a liberdade.”


“Amai-vos uns aos outros é a primeira coisa que me lembra esse negócio de vá p'uma porra.”







Tenho a mania besta de manter minha entrada de emails e minha caixa de correspondência sempre limpa, é vulgar esvaziar a lixeira do pc, deletar dados que assomam, reciclar o papel das cartas. Nisso sendo comum também o lamento, duas faces de minhas muitas personalidades. Ainda mais quando eu vejo que o destino não se explica por si e é sempre necessária essa bagagem pra estampar com claridade.




Lasc[ax]ou!
Desde novembro abri as portas de uma espécie de Galeria/Agencia de Comunicação.
Também há espaço para livros, temos uns links com as livrarias e estamos agendando autógrafos para os próximos meses.
Tem livro novo? No prelo? Sugestões de autores daí da Imperial gráfica?
Veja se arranja um tempo pra me escrever um recado dizendo que esse email ainda presta.
Estou ancorado nesse: www.aerostatousina.blogspot.com
Aquele outro do oul ainda existe mas, tá uma merda fazer postagem "bacana" lá, então!
Fico às vezes pensando que eu não sou um bom sujeito,,,
 fui a Macau um dia do carnaval e bêbado, não fui vê-lo
[Melevaramnumsaco/Nãosabiacomoencontrálo/Tavacomraivadabagunça/Carnavalémeuespelho...]
Também vc não me ama como eu mereço:)!
Nunca vem pra cá e pensa que isso é zelo?
Sonhar é privilégio dos que amam... Nesse atropelo.

E quando fumo gudhan me lembro de vc. Isso basta, por enquanto.
 
Lhe abraço.
Sempre seu afetivo [mal]criado,
r.

O carnaval companheiro foi uma bosta porque esse povo metido a bacana não sabe o que é música e acanalham com tudo num zuadeiro. E mais sem futuro era eu ter que ver sua cara de bebo nessa fuzarca.
Vou passar esse end pra uns autores que precisam de uma força. Ficou bem afrescalhado (Lasc[ax]ou) o escritório eu vi as fotos, mas por enquanto nem tenho o que fazer em Assu, nem posso. Contou ponto a iniciativa, desejo ainda boa sorte já que a gente nasce pra ser besta por opção. Veja se consegue dormir de noite pra melhorar a paz de quem trabalha e só bebe de dia. Tenho essa porra desse celular mais a certeza que um dia eu parto ele no chão e não dou o número pra todo mundo não. Sou louco mas tenho o juízo.
Todo ano digo que vou aí um dia no São João.
E vá p'uma porra, de coração.
Um abraço
Benito


Dizer que eu teria uns 10 bilhetes e uns 20 emails dele seria um exagero, nossa relação inclusive sobreviveu alguns anos de telefonemas meus no meio “alto” das noites, que ele odiava. E quando me ligava ultimamente era sempre pra falar de políticos de partido, que eu odeio. Causa justa porque alguns insetos conterrâneos se misturam as muriçocas de Macau e infelizmente tenho parentes ainda nesse tipo de arrumação.
Aliás eu sempre tive 2 elos com assuntos da política e um deles era meu galado Imperador. Sempre brincava com ele dizendo que apesar de votar em branco há vários anos eu me prestava a transferir meu título pra lá, se ele se candidatasse a vereador.

“Eu já provei do veneno, companheiro...”






E bem diz a lenda, veneno que não mata, aleija pra vida inteira. Ele era tipicamente um ser político nos bons modos com a opinião, honestamente interessado num progresso, numa educação de futuro. Lembro-me sempre que quando aquele lugar que ele trabalhava caía aos pedaços era impossível relaxar no assunto próximo a ele. E eu penso, aqui distante, que aquilo lá deve ter a alma dele. Meu amigo comia literatura e fazia cultura, pra encaminhar oportunidades a muitas gerações. Acho que por isso essa meta-fora dos Pinóquios.

“Escrever é o momento mágico que nos transforma em homens e em deuses. Escrevo como forma de catarse. Eu me considero uma normalista, de saia plissada, os seios estourando no corpete e o caderno cheio de corações, com flechas de cupido e lágrimas, muitas lágrimas. Escrevo para jogar fora um bocado de demônios, fantasmas, coisas desse tipo. Mas, na verdade, eu quero ser apenas um fabricante de brinquedos, um fabricante de Pinóquios.”

Sendo bastante honesto, essa declaração que ele fez a Marize há tempos atrás e migrou para Além do Nome é uma oferta bruta do seu caráter, num professor que em si, se aluna. E honestidade era a venta do seu retrato:

Confirmando a tese que os macauenses votam nos filhos da terra, o professor e poeta Benito Barros declarou seu voto para Zé Filho (deputado estadual) e Junior do Sindicato (deputado federal). “Além de serem macauenses, nenhum dos dois candidatos não têm marcas de algemas da Polícia Federal em seus pulsos”, declarou o professor. [Postado por Macau em Dia QUINTA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO DE 2010]


...Anônimo disse...
Benito Maia Barros é um intelectual sem frescuras. Abriu mão de uma carreira brilhante nas melhores Universidades Federais para viver na sua terra. Benito, com tenros 22 anos, já graduado pela UFPE, em sociologia, passou no concurso para professor da Universidade Federal e ficou em Macau. Muitas cabeças tentaram,  mas só ele passou. A cidade de Macau deveria homenageá-lo sempre.
 Benito, um beijo bem grande no seu coração.


Tecido Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos - RN

http://www.dhnet.org.br/tecidosocial/anteriores/ts002/entrev_benito_barros.htm



N. 002 – 20/10/03
ENTREVISTA
BENITO BARROS

"Os dirigentes da ALCALIS são os responsáveis principais pelos crimes, mas nunca são punidos"

Macauense, professor universitário, Benito Barros é um dos maiores conhecedores da história das lutas dos pescadores de Macau contra a empresa ALCALIS. Autor do livro Macauísmos, que tenta traçar uma história deste conflito a partir da década de 50, Barros participou da audiência pública sobre a situação dos pescadores de Macau na passada quarta-feira e denunciou graves violações da vigilância da empresa e da polícia contra trabalhadores que só buscavam a sobrevivência deles e das suas famílias.
Quando teve inicio o conflito entre a ALCALIS e os pescadores de Macau?

O conflito surgiu com o barramento de um rio, o Rio Imburanas, por parte da atual SALINOR (que na época se chamava CCN): a empresa transformou em propriedade privada a água de servidão pública. Os pescadores sempre pescaram no rio e no que eles chamam de barraca. Já no final da década de 50 houve um assassinato na área: um vigilante matou um pescador. Isso acontece desde o início e nunca houve uma punição severa aos vigilantes, pois existe uma ligação muito estreita entre a companhia (em seus diversos nomes: CCN, depois CIRNE, ALCALIS e hoje SALINOR) e a polícia militar. O último caso que aconteceu foi há duas semanas, eu fui testemunha do estado em que se encontrava o pescador. Da sexta para o sábado ele foi agredido por três vigilantes, estava detido e no sábado pela manhã foi procurado pelas lideranças dos pescadores, tentamos falar com o pescador preso mas não conseguimos. Só quando dissemos que iamos procurar o Promotor, eles o liberaram após a nossa saída. Mas não pediram que fosse solicitado exame de corpo de delito. Eu considero esta prisão ilegal, não foram ouvidos na hora os três vigilantes que o espancaram e na segunda-feira eu pude constatar que o pescador (que foi nos procurar) estava cheio de hematomas e feridas, com o rosto inchado, um olho avermelhado e machucados por todo o corpo. Foi um tríplice abuso: primeiro a prisão, pois o rapaz não estava cometendo nenhum crime mas apenas pescando em águas que são de servidão pública, depois a agressão e por último o fato de que, sendo ele o agredido, a vítima, foi quem terminou preso. E a autoridade policial não pensou em nenhum momento em solicitar exame de corpo de delito. A consequencia pior é que este pescador teve medo e não foi prestar queixa apesar da gente querer acompanhá-lo, nem contra os vigilantes (que é a prática comum) nem contra o responsável principal que é o superintendente da ALCALIS, pois os vigilantes angem segundo as ordens e os comandos da própria chefia, que nunca é penalizada. Isso é o mais grave da história toda: quem termina pagando pato são os pescadores e os vigilantes, os menores, enquanto o superintendente não sofre absolutamente nada. Historicamente sempre foi assim: os pescadores morrem (já foram assassinados vários), alguns vigilantes são presos por algum tempo mas depois são soltos porque têm bons advogados (os advogados da empresa) e os verdadeiros responsáveis pelos crimes sociais e ambientais que acontecem em Macau ficam na mais completa impunidade.

A conivência entre a ALCALIS e a polícia militar é devida à corrupção desta última por parte da primeira ou a razões, digamos assim, "ideológicas"?

Há causas ideológicas, mas há principalmente um convívio que diria "espúrio" entre a empresa e a polícia militar na medida em que a empresa cede a própria barraca para que os policiais pesquem. Há uma série de questionamentos a respeito desta pescaria. Segundo se comenta na cidade, o fruto dela - que deveria ir para as famílias dos soldados - fica na mão de alguns que vendem o peixe e ficam com o dinheiro. De fato, quando nós criticamos publicamente esta relação entre a empresa e a polícia alguns soldados nos procuraram para dizer-nos que nunca receberam peixe, suas famílias nunca comeram o produto da pescaria na barraca. Portanto, existe esta relação no mínimo duvidosa, estranha entre a polícia e a empresa. Esta última, na verdade, acaba servindo como "capangagem" oficial da ALCALIS. Eu creio que, devido às lutas dos pescadores e ao envolvimento da Promotoria, isto esteja mudando um pouco, mas esta relação espúria ainda continua.

Até hoje quantas pessoas sofreram torturas ou maus tratos pela vigilância da empresa ou pela polícia?

Quase todo mês há casos de espancamentos de pescadores por parte de vigilantes. Também houve algumas mortes. Há uns três anos um pescador foi assassinado, e poucos anos antes um outro morreu tetraplégico por causa de um tiro que se alojou na coluna. E este pescador morreu na miséria, numa cama sem assistência nenhuma pois a empresa não ligou a mínima pelo destino dele, e o mais grave de tudo é que ninguém pagou por isso, não tem nenhum preso por conta disso. Eu acho que a Justiça deveria mudar a metodologia de aplicação das penas. Eles sabem perfeitamente quem são os verdadeiros culpados: não é a mão que atira, mas quem está por trás dela, quem arma esta mão. Acho que graças à nossa luta eles estão se conscientizando para não responsabilizar exclusivamente os empregados da companhia, mas também os seus donos.

Houve alguma intervenção do Ministério Público perante esta situação?

O Ministério Público sempre interveio na relação empresa-pescadores. Já houve uma série de reuniões para se tentar dar um ordenamento na pescaria lá na barraca com a presença e o aval do Ministério Público. Também depende da pessoa que ocupa o cargo. Hoje temos uma pessoa que se interessa pelos problemas dos pescadores, mas houve um período em que o Ministério Público era aliado da própria empresa. Esta aliança entre judiciário e grande capital não é um fenômeno específico de Macau, mas do Brasil todo. Mas há algum tempo o Ministério Público mudou a sua atitude. Eu creio que o atual tentou fazer um mínimo de justiça.

Quais são as possíveis saídas a esta situação?

Eu sempre disse aos pescadores que isto depende da luta deles e de como eles conduzem esta luta. Acho que eles estão pelo caminho certo. Estão conseguindo um terreno na Ilha de Santana e no Barro Preto para fazer um viveiro de peixes marinhos e camarão nativos. Isto vai aliviar um pouco a situação deles. Com a invasão das salineiras nos manguezais, o estoque pesqueiro desta região diminuiu muito... mas na hora em que forem cedidos espaços e estruturas apropriadas para a criação de peixe e camarão, este conflito vai diminuir um pouco. Agora, precisamos de medidas enérgicas e imediatas para que não aconteça novamente o que aconteceu há quinze dias: o espancamento de pescadores por parte de funcionários da segurança da empresa.






Texto: Alex Gurgel
O professor Benito Barros afirma que a cortina de contenção que foi construída na praia de Camapum não será suficiente para segurar o avanço do mar.

A grande preocupação da população macauense é com o crescente avanço do mar na Praia de Camapum, que acontece desde a década de 80. Nesse tempo, a região sofreu um grande impacto ambiental provocado pela construção da estrada para a praia de Camapum, quase toda executada por aterramento, o que provocou o fechamento de gamboas e destruiu uma boa área de manguezais.

O coordenador do Campus da UFRN em Macau, professor Benito Barros, acredita que a barreira de contensão que está sendo feita pela prefeitura para segurar o avanço do mar não vai resolver o problema. “Eu creio que está obra seja pior. Quando construíram o calçadão, a praia tinha mais de 20 metros de areia. Hoje, não há quase nada na faixa de areia de praia”, alertou.

Ele afirma que a construção do calçadão em Camapum pode colocar em risco a ilha de Alagamar porque o mar está avançando e cavando pelas laterais do calçadão. “Na entrada do rio em Alagamar está quase acabado por causa do avanço do mar. Não vai demorar a o mar chegar a parte de Cuba, nas residências”, preconiza.

Benito Barros acha que a solução para frear o avanço do mar é o surgimento da antiga Ilha de Manoel Gonçalves, que hoje é um banco de areia, somente possível ver na maré baixa. “Eu creio que uma cortina de pedras depois do barranco de areia fará ressurgiu a velha ilha de Manoel Gonçalves, que era uma proteção natural existente há anos atrás”, disse

A praia de Camapum tem cerca de seis quilômetros de extensão. Mas, a praia é quase toda privada. Pública mesmo somente 200 metros de frente e 200 metros de fundo. O restante da área pertence às empresas que extraem sal marinho. Apesar de ocupar uma pequena área, Camapum tem 01 parque de vaquejada, 03 pousadas e 16 barracas.

 Macau em Dia  18:25 3 comentários 


QUINTA-FEIRA, 4 DE NOVEMBRO DE 2010

Benito Barros diz que o prefeito foi o grande derrotado nas eleições

Alex Gurgel
 Professor falou com exclusividade ao blog Macau em Dia.

Ainda no calor da campanha no município, o professor e poeta Benito Barros falou com exclusividade ao blog Macau em Dia, fazendo uma ligeira análise política das eleições e como ficou o atual quadro político macauense. De um modo geral, o professor Benito Barros assegura que os grandes derrotados nas eleições foi o prefeito Flávio Veras e o governador Iberê.

“Apesar do investimento maciço das forças governistas em Macau, a vitória de Iberê no município ficou muito além do esperado. O candidato a deputado estadual apoiado pelo prefeito, Lauro Maia, perdeu para o vereador Zé Filho, o mais votado”, analisou.

Benito Barros ainda cita a derrota do prefeito no distrito de Diogo Lopes, onde o vereador Oscar Paulino deu uma vitória significativa à governadora eleita Rosalba Ciarline e para a deputada estadual Márcia Maia. “Isso tudo está contrariando a vontade do prefeito Flávio Veras”, disse.

Mesmo muito longe de 2012, o professor acredita que a maioria das candidaturas que já estão postadas do lado governista são condenadas ao fiasco porque não têm ligação com o município ou tradição política. “O prefeito tem condições de mudar esse cenário de derrota para uma vitória em 2012 com um bom candidato. Mas, muita coisa ainda vai acontecer até lá”, enfatizou.

 Macau em Dia  06:16 2 comentários 

TERÇA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2010


Um poema de Benito Barros


Os meus poemas 

Também de calcário volátil do fictício 
Os alicerço,
Mas na argamassa se encere o vivido.

Melhor sina,
A dos verdadeiros barcos
Naufragados que desmemoriam
A caixa torácica dos cavernames

Na fatal sobrevivência das cracas.

In "Um Ser tão..." 
(Editora Vitural Books, 2009)



QUINTA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO DE 2010

Benito Barros não vota naqueles candidatos com marcas de algemas nos pulsos

Professor e poeta Benito Barros defende que macauense deve votar em seus conterrâneos.

Faz muito tempo que um filho de Macau não ocupa uma cadeira na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte e ninguém lembra um nome macuense que tenha sido deputado federal ou senador. Porém, há uma atmosfera na cidade onde aponta que os macauenses devem votar em seus conterrâneos, valorizando os candidatos de casa.

Os candidatos de Macau que estão na disputa são: o vereador Zé Filho e Arapuá como candidatos a deputado estadual e Junior de Sindicato, representante do Partido Verde, candidato a deputado federal. E ainda tem o nome do deputado Luiz Almir, um macauense por afinidade que morou na Alcanorte durante mais de 11 anos e foi um dos primeiros radialistas da Rádio Salinas.

Confirmando a tese que os macauenses votam nos filhos da terra, o professor e poeta Benito Barros declarou seu voto para Zé Filho (deputado estadual) e Junior do Sindicato (deputado federal). “Além de serem macauenses, nenhum dos dois candidatos não têm marcas de algemas da Polícia Federal em seus pulsos”, declarou o professor Benito Barros.

 Macau em Dia  18:48 9 comentários 

TERÇA-FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2010

O Cemitério de Macau está lotado

Com capacidade para enterrar pessoas por somente dois anos, a Prefeitura de Macau enfrenta o desafio de procurar outro lugar para sepultar os macauenses.

Fotos e texto: Alex Gurgel

Todo macauense sonha em um dia se juntar àqueles que já se foram. Onde deveria ser o descanso dos que residem em Macau, o Cemitério Público “Monsenhor Joaquim Honório" está completamente lotado. Conforme o administrador Luiz Cícero (Cicinho), há terrenos para enterrar 200 pessoas, no máximo. “Num prazo de dois anos, o cemitério de Macau não vai poder enterrar mais ninguém”, disse Cicinho.

A “Morada Eterna” dos macauenses abriga túmulos de pessoas famosas como o cantor Paulinho de Macau, o historiador João de Aquino, o ex-vice-prefeito Afonso Solino Bezerra e o músico Francilúcio. Conforme o sociólogo Benito Barros, o Cemitério de Macau já era conhecido desde 1931, quando retiraram o Cruzeiro da frente do cemitério para ser chantado em frente à igreja matriz.

Oficialmente, o Cemitério Monsenhor Joaquim Honório foi inaugurado pelo então prefeito Albino Melo, quando fez a primeira reforma no lugar, colocando um muro de tijolos onde era cerca de arame farpado para delimitar a área e construindo a sua fachada. Outras reformas foram feitas ao longo do tempo. Hoje, a pequena capela virou um centro de velório onde há missa de corpo presente, os banheiros foram reformados, além do serviço de copa como cafezinho e chá.

De acordo com o secretário de planejamento e desenvolvimento sustentável, Ubiratan Bezerra, o Governo do Estado já está trabalhando num modelo de um novo cemitério para a cidade de Macau. “A ampliação do cemitério de Tambaú para atender a demanda de Macau é uma das alternativas que a Prefeitura está estudando”, explicou o secretário.


...

“As escolas de Macau são um amontoado de caixotes para colocar os alunos dentro”, já dizia o professor Benito Barros...
 ...

Benito, educação, arte e cultura


Tive uma breve convivência com Profº Benito em dois momentos bem distintos, mas articulados pelos elos da educação, arte e cultura. 


A primeira, em pleno da falta de liberdade no pais, quando participava das atividades da Pastoral de Juventude do Meio Popular; conversamos sobre a importância da cultura popular, da necessidade das ações políticas voltadas para o interesse social; dos grupos de cultura como protagonista da instalação da educação via cultura. Fiquei encantado com aquele Homem simples e culto. Quando voltei à casa paroquial, falei tudo para o amigo, atualmente, Pe. Murilo. O papo continuou com Pe. Murilo externando suas virtudes e vivacidades.


A segunda, foi quando ministrei aulas no curso de Pedagogia - UFPB, no qual Ele o Diretor. Sempre que solicitado, estava a dialogar com os estudantes universitários vindos dos diversos municípios da região. Tranqüilo, discreto, mas sempre que sobrava um tempo, estávamos a conversar sobre cultura, mas também sobre as possibilidades socio-economicas-politicas-culturais que a região oferece a sua brava gente. Nessa época li suas poesias, marcada pela realidade. 


Aos seus familiares, deve ficar a certeza de um Homem dedicado a vida; aos seus amigos de cultura, a presença de Homem que compreende a cultura como a alma de seu povo.

Um abraço solidário

à todos.
Benito, 
seu espírito cultural estará sempre a ajudar Macau e região a trilhar pela liberdade.


Paulo Palhano

Profº RN UFPB

...


O meu amigo Benito Barros partiu
deixando um espaço que demorará a ser ocupado
na educação, na cultura e na política de Macau.
Não necessariamente partidário, mas político,
como deveria ser um político, se assim fosse possível;
havia honestidade demais em Benito
para que ele fosse um político em exercício de função.
Há muita lama e chafurdo nessa seara.

Benito conseguiu manter a UFRN em Macau, resgatando-a
de um quase fechamento; Trouxe novos cursos,
formou professores e perspectivas de continuidade
foram criadas aos estudantes, ao ingresso no ensino superior.
Este foi o grande lance, formar os professores no ensino superior. 
Um novo prédio foi construído em substituição de uma velha 

e inadequada instalação; e hoje, sob sua reivindicação,
outro prédio se ergue para duplicar a capacidade de ensino.
Assim ele fez valer a UFRN em Macau.
Este é seu legado para Macau.

Ele se dizia ateu, mas era mentira...
Na verdade ele nunca acreditou nos apelos religiosos,
como qualquer outro sábio não acreditaria.
Embora sutil, a superior expressão se
manifestava em seu espírito libertário. 
Foi um grande cara!
Pouca gente sabe dos seus sentimentos e atitudes
fraternais, pois a incógnita de sua bondade nunca exigiu propaganda. 
Ele sempre defendeu a população pobre nos direitos de cidadania
e humanidade, em suas falas e em seus atos; em alguns
momentos até se endividava para salvar de uma “bronca”
um cidadão em extrema necessidade.

Ficou a sua obra poética em 7 livros e 2 edições de
“Macauismos”, histórico.
Cerca de 30 livros, incluindo os 9 de Benito, foram
publicados pela revolucionária “ICEC - Imperial Casa
Editora da Casqueira”, de vários poetas “anônimos” de Macau.
Tive a honra e o prazer de trabalhar nas diagramação, capa,
ilustrações, etc. de cada livro que a ICEC produziu, juntamente
com o companheiro Benito Barros.

Por volta das 11 horas do dia 23, Benito comentou uma foto neste blog (4ª foto abaixo) e me telefonou reclamando da minha ausência... Que aparecesse para atualizar nossos papos literários e políticos, para uma cervejinha gelada... Não deu tempo. Ao entardecer daquele dia, tive a notícia do seu acidente (AVC)... Dois dias depois Benito partiu do estágio terrestre.

27/12/2010 Publicada por Getúlio Moura


A carta
Se para mim os "Natais" sempre foram sem graça, a partir deste, não tem mais jeito. Se nunca acreditei em Papai Noel, agora a minha personagem do Natal é, incondicionalmente, outra. Não, não é que eu ouse acabar com o tal do “espírito natalino que está em cada um de nós”... É que a minha crença está numa outra personagem, até ontem, de carne e osso – e fumaça de cigarro e muita cerveja, claro! – e que deu, nos últimos dias, a usar uma camiseta vermelha, deixar a barba e o cabelo branco crescerem, mera coincidência com o tal do Santo Claus... Acredito que os “natais” vindouros de Junior Pirão, dos dois Manoel - o vigia e o secretário - de João Jorge, de Cláudio “Gia”, de Meinha, de Marcos irmão de Condim, de Edinho, de Luís, de Cardoso, de Dandão, de Nilza e de muitos e muitos macauenses indelevelmente darão lugar à minha personagem... Assim será, acredito, com os alunos e alunas que pelo nosso CRESM passaram para “se formar”, como bem queriam nossos pais...
E assim será nas missas, e nos terreiros, e nos cultos ou em alguma mesa do boteco mais humilde da nossa cidade quando os sinos de Belém estiverem repicando... A imensa maioria continuará se lembrando da festa do menino Jesus, anunciado pelos três Reis Magos que seguiam a Estrela de Belém. Doravante, me lembrarei que o nosso "Professor", o nosso "Galado", o amigo de todas as horas, a voz genuína, carregada de uma “ira santa”, na defesa de um povo que vive cercado d’água e aves de rapina, essa voz, inventa de calar, ir embora... E, como senhor de si, coerente com tudo o que fazia e dizia, achou por bem não nos avisar. Puta que pariu, bicho! Sim, as coisas boas duram muito. As coisas verdadeiramente boas duram para sempre... Enquanto existir “galados ou galas” cultivando as sementes espalhadas pelos quatro cantos da cidade na voz marcante do nosso Companheiro...

E como era bom desfrutar da companhia, da atenção dele... Para os amigos de infância, a vinda a Macau não era completa se não o visitassem. Os estranhos que nos ouviam falar dele ficavam curiosos para saber quem era tão encantadora criatura... Nós, ex-alunos da “Universidade”, também não perdíamos a oportunidade de passar por lá somente para, numa espécie de provocação, fazer com que nossa personagem soltasse o seu característico “Carai”, o seu onipresente “Galado” e o seu antítodo contra toda a hipocrisia no sonoro “Vai tomar no cu!”, com aquele gesto tão conhecido por nós: dedo médio em riste apontando para o sujeito. Somente os hipócritas e os “alunos e alunas evangélicas” não se divertiam (mas ninguém é perfeito). Assim ele nos recebia: “Diz, Gala”...
Passávamos lá também para ouvir conselhos. Como fazer um trabalho, como conseguir um livro. Como redigir um documento para requerer direitos por nós desconhecidos. Para, também, vez ou outra – e eram tantas – pedir uma cópia de algum documento extra porque não queríamos ir até o centro da cidade... Ganhávamos a cópia, acompanhada do “Galado!”. Na hora de dar sua opinião sobre alguma coisa que estávamos fazendo, não se importava se a gente gostaria ou não; nessas horas era incentivador, era positivo, era justo! Na verdade, íamos, muitos de nós, para lá, somente para ouvir de perto, para ver de perto, para estar perto daquela figura que nos encantava com o saber desinteressado e com a humanidade de um verdadeiro irmão Era bom estar ali. Às vezes éramos objeto das suas piadas. Gozador que era, perdia o amigo, mas não a piada... Dizia não existir arma mais poderosa contra a opressão, contra o carrasco, contra a tirania do que o riso.

Mas também guardava lágrimas. Lágrimas do Alazão, por Manoel pescador, estupidamente assassinado; lágrimas pela melodia contagiante da Filarmônica Monsenhor Honório executando o hino da Virgem da Conceição... Creio que era a única pessoa que o maestro Castro sentia prazer em atender. Extrema e necessariamente humana esta minha personagem. Um salvo-conduto contra tudo e contra todos que não amam a nossa cidade.
Nos próximos natais, no lugar das árvores ou “papais-noéis” vou, como muitos macauenses, me lembrar do cabelo branco desgrenhado, da barba branca por fazer, da camiseta simples, dos óculos de grau, escuros, daquela fumaça de cigarro que nem na sala de aula ele apagava, da calça jeans surrada, do chinelo “havaiano”, do riso alegre e desbragadamente livre... E da vontade perene que o bem pela nossa terra fosse feito todos os dias, todas as horas, em qualquer lugar onde estivéssemos. Macau não poderá viver da tua saudade, visto que o que nos ensinou não permite que assim a gente viva daqui pra frente. O que nos ensinou é muito mais forte do que sentir saudades. Não tem como não sentir a tua falta, Benito...

Professor Manoel Nazareno da Silva
Ex-aluno do CRESM
Macau-RN
Dezembro/2010


...

Enquete natalina


Benito Barros, professor, escritor e poeta, autor de "Macauísmos":

O que não pode faltar no natal?
Raiva. É uma hipocrisia geral. O natal é o dia mundial da hipocrisia. Nessa data, todo mundo é amigo de todos. A amizade tem que ser demonstrada durante o ano inteiro e não numa data específica.

Quais são suas perspectivas para 2011?
Um anus novo.

 Macau em Dia  19:52 0 comentários 


SEGUNDA-FEIRA, 8 DE NOVEMBRO DE 2010




Irreverente. Incomum. Sem pareia, como se costuma dizer por aqui. Nunca tive contato direto com ele, mas sempre o admirei. Me lembro quando ele doou um terreno para nossa igreja construir uma casa de amparo aos idosos, o objetivo tinha que ser esse, ele deixou firmado. Nem sei a que pé está essa questão, mas a sua intensão foi comovente para mim. Lembro também de ter dado muitas risadas quando me disseram que ele deu a “peixe-podre”, o seu bilhete de entrada para uma grande e tradicional solenidade de Macau. Quem não se lembra das risadas de Benito com a dança inconfundível da figura quase lendária que atende pela alcunha de “peixe-podre? Então, não sei se ele era assim, de fato, mas era assim que eu o via: Sem pareia. Singularíssimo. Como são os grandes. Já está nos fazendo uma grande falta. Macau não é mais a mesma, sem ele!

28/12/2010 11:12 | Francilúsia Xavier | http://fran-esperanca.nafoto.net | Macau/RN

Acrescento que o homem Benito Barros foi um expoente na Historia e literatura do municipio de Macau. Os maucauenses devem estar se sentido orfãos. Foi um homem solidário em seu saber, soube dividí-lo como todo grande sábio humilde! Boemio por vocação,a sua vida foi um grande presente para todos nós. Concluo acreditando que o descanso eterno é todo dele. Mas se céu é essa coisa chata estandartizada por algumas religiões sosseguemos
, Benito Pede já para reencarnar, porque fingir nunca foi o forte dele e se estava chato ele assumia e partia!!
28/12/2010 00:30 | Maria Alzeneide | zumbafernandes@hotmail.com | G uamaré  


Benito Maia Barros, filho de Afonso Tanidon Barros e Terezinha Maia Barros,  nasceu em Macau, Rio Grande do Norte em 21 de abril de 1957 e faleceu em Natal, Rio Grande do Norte em 26 de dezembro de 2010. Poeta, escritor, artista plástico e pesquisador. Graduado em Ciências Sociais pela UFPE e especialista em Ciência Política pela UNICAMP, foi professor e Diretor do CRESM – Centro Regional de Ensino Superior de Macau, da UFRN. Foi colaborador do Jornal de Macau. Foi vereador [1983/1986] eleito em 1982 pelo antigo Movimento Democrático Brasileiro, o MDB. Foi um dos articuladores do movimento pelas eleições diretas para presidente da república em Macau. Fundou com alguns amigos a Imperial Casa Editora da Casqueira na década de 1990.  Formou um grande biblioteca de obras sobre o Rio Grande do Norte. Pautou sua vida na defesa dos fracos e oprimidos e pela honestidade. A poesia foi sua maior produção literária.
Obras:

Textos do autor e sobre o autor:


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