7 de jun. de 2017

Inoportuno




Foi assim que levaram Gumé pra comer dobrado. Sem luta nem dó. Abrindo a favela num falar danado, naquele mundo de piado que só domingo favorecia.
Luz do dia, pingo e mei de escaldar quengo, mas, num gingar de manequim de moda, bermuda surf e regata azul que era seu terno, no grito e no cano do revólver comum de autoridade tão bruta; Gumé ia.
Cadê o motivo que não lhe deram? Explicado é coisa pra quem tem mídia, aquilo lá num tinha não. Era no mote da cor e da queixa é crime, ao de mirar no sujeito que cabe no de acho... Bole bole novela.
Na Casa dele José Gustavo era um homem, no fazer bico e lavar carro era o maior, enchia as panela e ainda dava de comer a quem pedisse.
A mãe chorava - pai nunca teve, os irmão com fome e num apareceu um fiidedeus pra cobrar justiça, sentença que fosse merecida. Quem levou ele, à paisana, nem nome tinha.
Passou seis dias no sumido, no chamar, lá, de malandro o povo dizia. Acharam o inchado corpo no lixão com uma ruma de bala.






¶ O caótico cotidiano espelha a guerra autoridade.
¶ Suor e sangue da plebe pagam os salários dos donos do mundo.
¶ É requisito da ordem manter o caos como álibi.
¶ Quem arranhou o carro do milico foi seu próprio futuro genro, aquele que largou sua filha com três mês de bucho, moça nova sem nem 15 primaveras.




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